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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

domingo, 11 de outubro de 2015

BAILE DE ILUSÃO

Andando por entre os becos da liberdade
Vi no meio fio entre as vidraças
Cabeças aniquiladas e liquidação de sorrisos
Como posso estar no meio do caos sem putrefar ?
Todos sonâmbulos da mesma rua
Os pijamas rasgados pelas unhas do invasor
Os cortes de cena, os cortes de dentes
Todos querem se cortar à noite na boca de quem quer que passe...
Como posso não pertencer a este açougue?
É que não tenho fome disso
Os pescoços, as poses, os olhares, o movimento dos dedos prum lugar distante, o jájá.
Eles não esperam mais nada
Elas estão prontas, de flechas atrás das orelhas
Camafeus e Afrodites roçando as colunas que sustentam o mundo
sem sequer beijar a boca de café
Só borrar, acabar o batom é o único  desejo
Assisto às cápsulas se olhando no espelho sem saber que são cápsulas
Vendo pernas, sutilezas, usando da melhor forma pra se enganar e agarrar...
Como posso me atrever a dizer que não são aquilo ?
Os véus são de plástico.
Há flores em todos os poros, os corantes e os cílios que abrem a janela da alma
já tem em seus movimentos todos os scripts armazenados
Olho pelas cortinas e não gosto do que vejo
Volto-me para a porta, sento na calçada a pensar...
No jogo das pernas, como saber qual se encaixa na outra de forma que os corações se abracem?
A bilheteria fica lotada, todos apostam em todos
Há uma enorme fadiga nas lembranças
São cabelos e bundas e peitos e paus de diversas formas, como saber?
Rasgam as camisas de Vênus no dente e depois lambem o leite derramado
Disseminam "sins" e alegorias de enfeites subconscientes que confundem
Uma enorme caldeira que ferve de caldo e suor
Ó céus, como presenciar? Deus da noite e das criaturas, abençoe os farejadores da verdade,
afastai os sequestradores de corações que fazem rifa com a felicidade alheia, protege os copos, as entonações e os olhares curiosos.
Todos sambam e são amor da cabeça aos pés, são inspirações, musos e musas do faroeste
Todos, sem exceção, tem uma bagagem poética, profética e patética para ofertar.
Não. É melhor aqui sentada, sem alardear minha própria existência em autoafirmação, me atino a voltar e olhar pela brecha os palcos das esquinas onde estão, filantrópicos de sentimentos inexistentes, amantes das verdades convenientes, das mais forçadas naturalidades. Não, não há exigências, nem posso. Ao menos as observações fazem a sabedoria da captação aguçar. Peneirar. Mostram tudo, tudo o que os inocentes expectadores querem ver, ativam bem ao certo a curiosidade de quem procura sentir o que não sabe o quê. Não se perca, eu te peço, não se perca, não se derreta entre as fendas da passagem do súbito e ilusório querer. O efeito Katrina não vai parar, salve a você.