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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O que é De César?

Maria beijou Caio na frente do cortejo todo
Inclusive de Manoel
Que gritou a Maurício que a amava
Maurício nem escutou, mas quis a felicidade do amigo
Disse: vá!
Manoel nem lembrou do beijo que Maria deu em Caio
Seu amor era mais importante que a reputação que sua amada destruía aos corredores em que passavam de mãos dadas.
E nesse circo todo entre liberdade e amor
Olga não pudia ser pós moderna.

DEVANEIO DE OLGA (Reflexão sobre as coisas que quase)



Fui pedra colhida meio ao som das britadeiras da cidade
Brilhei nos olhos dentro da noite.
Lapidei os dedos corridos dentro do lençol
-Há algo errado no paraíso.- Disse a deusa no sonho
Ela sempre me avisara de algo
Foi assim que senti tua aura se afastando tanto quanto eu estava pra longe de mim
Minha sina foi te guardar dentro dos olhos, me segurar no riso que te levava pra perto de mim.
Qual o instante em que te dei outra cor que não fosse a do nosso andar?
Caminhou para longe de nós, eu só constatei.
Com ardor te deixo ser senhor do próprio destino se vou-me pras coisas que me fazem ser longe dele. Não tenho cacife pra ser mártir a julgar a covardia dos homens, faço promessas de dentro do coração. Meus olhos só acompanham o que desejo. E o que desejo é o canto nas alturas. O elo que nunca se rompe, a luz da força. Onde o significado ande de mãos dadas com o significante.
Retorno ao meu caminho do fundo da terra
Sou pedra a ser escolhida pra pôr no colar que guarda os corações da cama
Tudo, por enquanto, me é motivo de coçar o nariz nas coisas mais felizes  em que tu não estarás  mais.
Nas noites de xote, mas nas noites de silêncio que estavam por vir,
Tu não estarás mais lá quando o sol clarear nossa pele  que não estará mais apoiada entre nós.
Nos dias em que as catástrofes do mundo abalarão o país tu não vais estar abalado comigo  apoiando os pés na mesa de centro, enquanto abro a geladeira vermelha pra te levar algo e te ouço falar.
Não estarás mais também nos dias em que caírem as tempestades nas nossas famílias, nem quando novas águas cristalinas brotarem.
Não estaremos dentro das coisas que tiramos das nossas mãos e entregamos nas mãos no tempo, pensar nisso é devastador. O que poderia ter sido se não fosse isso. As  sinapses explodem.
Um amigo me disse que beijar os olhos é beijar o que vê e beijar a testa é beijar o que quer ser visto.
Lembrei-me do que quase consegui: te ver.
O mistério é parte da tua essência, disse-me com orgulho. Aceitei. Mas tuas palavras me faziam deslizar, os joelhos não são tão fortes quanto os ombros.
-Corre tuas mãos dentro da noite!
Gritei no sonho que me acordou.
Me desvencilhei da tua existência, descolei-me da tua alma e esse foi o solo mais forte que já escutei, depois de "time" do Pink Floyd.E não foi o  contrário por que tu não estava mais lá, já tinha partido, alçado vôo. Nossos passos caminham relógios diferentes. Aumento a música e deito no tapete ao lado do meu e prefiro quebrá-lo a olhar todas as horas em que não estarei mais dentro do tempo de setembro.
Me empurram a entrar na cabine que me põe de volta num tempo sem ti. Somos todos empréstimos, matrix numa época em que somos despejados e devolvidos cada um a seu caminho. Destino é muito grandioso pra ser isso. Escapamos sem arranhões, porém sinto gosto de sangue. Me recuso a concordar com a ideia de que num segundo perco tudo o que mais me vale de viver, meus sentimentos e sentidos são obrigatoriamente ordenados a mudarem. Sou impotente e escrava das circunstâncias? Não! Me rebelo às deusas que não falam nada, me olham e acarinham meus cabelos, até que durma outra vez. Acordar é pesado estes dias, abro os olhos e me deparo com o abismo. Não sei como cheguei até aqui. Nossa filosofia é vã.
Lavo os olhos e  vou ao espelho nuns passos de readaptar-me com a vida que não é mais a do mês que viria, como faço todas as manhãs. São sessenta e seis dias e pareço não sentir nada.
Atrás de mim, tua imagem não vai aparecer
Tu não estarás mais lá.