Quem sou eu

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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

terça-feira, 8 de março de 2016

TUDO QUE EU QUERIA TE DIZER

Dei umas voltas sozinha como quem não varia, entre  os becos desconhecidos por quem só frequenta a calçada do vizinho e vi: como sei desse costume? O mesmo vizinho, o mesmo calção, a mesma hora.
Pego essa informação e avalio.
Me assusto com a conclusão dos fatos.
É isso Manoel, não tinha como saber!
Topamos um no outro e nem sequer nos demos ao trabalho do conhecimento, do apelo diário significativo para uma ruptura social e acasalamento de ideias inofensivas da nossa aura. Pelo instinto arrumamos a cama e pronto, trago pães na volta.
Quanta pretensão, Deus. O amor é um cego louco e desesperado.
Cá pra nós, levamos o sentido literal a sério.
Olha só, construir uma base em cima de um diâmetro mais estreito que dois dias. Bem feito!
A pressa é inimiga das coisas perfeitas, eu te mostrei  naquela música que você não fez questão de escutar. É isso, somos todos inocentes, dimensionamos as nossas expectativas cuja inspiração era a falácia doce daquele dia, sim. Foi assim. Descobri às 15:20 do dia oito. OITO. OITO Manoel, as letras de meu nome em soma com o relógio. Há tanta loucura no paraíso e esse é o álibi do esquecimento dos homens?
Não falamos "gostei de  te conhecer"
Não dissemos uma só palavra que evitasse o tsunami de outras palavras e todas as catástrofes sobrenaturais que as mesmas deixariam, deles a maior devastação: o silêncio.
Como ousamos brincar de adivinhação, como ousamos presumir as intenções e reações deixando escapar exatamente o que mais nos ligava? Nosso eterno conhecimento. Conhecemos os demônios um do outro sem nem ao menos evocá-los para uma prévia do que viria. Não houve tempo para decisões nem análises. Decretos empilhados um a um fizeram seu papel: destruir a liberdade de se expressar. Não houve calma e abusamos da coragem. Eu sempre soube que a ordem dos fatores alterava o resultado, os gritos na cortina e os socos na parede vieram mais rápido que o sim ou o não.
Duas cargas emocionais desconhecidas só podiam dar nisso: explosão.
-Olga, veja bem. Nosso tempo talvez não seja esse.
-Bom, as suas conclusões crédulas na magia do desconhecido e toda essa sua pressa em correr pro nada ainda  podem ser a sua salvação, criatura mítica e suficiente. Eu, coração e certeza do olhar, antes de levantar a cabeça e olhar mais a frente,  precisava te dizer.

quarta-feira, 2 de março de 2016

INVERSÃO

Quando se faz do coração
Mobília pros filhos
Se entrega a direção nas mãos
De quem faz tudo ter cor e sentido

Quando esse alguém fala no caminho
Se presta atenção em tudo
Acredita-se em deuses
Encontros, destinos...

Quando acaba a gasolina
Em uma parte da estrada
Dormimos em qualquer canto juntos
Pra não ficar a mercê da madrugada

Quando amanhecer o dia
Não caia na estrada da sabotagem
Segure a mão pequena e forte da certeza
Não troque o coração pelo amargo da miragem.



terça-feira, 1 de março de 2016

DEIXO IR

Sabe-se muito pouco sobre pérolas e porcos
E por isso estive atenta a todas as arestas brilhosas dos olhos
Olhos de jaspe horizontalmente brilhando
a inflação carnal nunca me fez confundir aquele valor
Aqui dentro vejo os ponteiros cada vez mais enlaçados
Dia após dia
Lembro que o templo do infinito não pendura dores
Então te liberto no vento
Resgato das sombras outras cores.