Quem sou eu

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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

DEVANEIO DE OLGA ( PROSA NA JANELA VISCERAL )

Atalho-me as palavras no espelho de um fascismo incomum. Disse há pouco que as incertezas ardem e que as certezas se dissipam  em cinzas, o que disso não me atentei é que a matéria em jogo sou eu. A inteligência é desamante da esperteza e virse.  Rebelo-me  quieta a ouvir a marcha das  fumaças pro cinzeiro  meu. Me rebelo entre os  campos e guardo todo o cheiro do cumim talhando as carnes do almoço. A cama não posso levar que é fardo, e de peso me basto as pupilas arregaladas cada vez que... Posso escolher entre comer e repousar "espalhitando" os dentes- digo, de palha mesmo e perdoe o neologismo - e posso também escolher ir-me dessa paz que só eu procuro. Apertam as cordas vocais e não temem minha morte que há de ser entre 5 e 6 da tarde. No alaranjamento da pele dos que não dorme. O meu desaparecimento de cá resulta das forças perdidas. Reencontro a linguagem sã e fria. Pensar sim, refletir também, só que depois. Não ganhei uma batalha que fosse, nem a vida que quis e disso foi concebido o maior milagre de todos: a liberdade! Não carrego mais fardos, mesmo que ainda o queira; e não carrego mais lembrança, mesmo que elas me assustem; e não banho na mesma água há muito, há muito tempo dissolveu o suor que seria eterno. O meu latido, o meu ruído passam a soprar os cabelos. Nada mais pode ser feito quando  se percebe o opaco que invade o brilho dos olhos, ainda que negros. Se puder, velho amigo, diga que lutei a minha ideologia como  luta o peixe, com os olhos de implorar água já sabendo o seu fim. Tudo faz sentido, e nenhum risco no sorriso me lamenta mais das coisas que quase. Não temo a eternidade, temo o paralelismo da saudade. Eu vou pra onde não possa mais esperar nada do senhor no deserto. Eu vou para onde não passa um bonde nem me é  feito a pele arder. Estou acima de qualquer vontade agora. Acima de qualquer suspeita passional. Meu grito vem junto, que de mim ficam só  os olhos encarando e nada de voz.. Não por medo, mas por distância dos ouvidos.  Atalho-me as palavras do espelho de um conformismo incomum, sem alarde...