Quem sou eu

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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

PRA TORQUATO

Tenho um peito coberto de pele falha
Meu pobre ser fêmeo calado não rola
E a rua pra quarteto de cinza não cala
Seja o que for, sem palavra, não nasci pra definir.

domingo, 8 de maio de 2016

BREVE PASSAMENTO DIÁRIO

A tarde desci a rua que tinha cheiro de bolo de cenoura. Incríveis ondas que se comunicaram com o meu olfato tiveram o poder de emudecer o que meu coração falava no caminho de volta. Não pudia escrever poema com essa sensação, queria prosear e nem assim consigo expressar. A tarde laranja, o céu incendiando as pupilas de todas as cores da cidade, é preciso olhar pra cima.
Não quero ter seis anos de novo, não peço muito, mas choro todos os dias pelas coisas que ganhei. Uma pá de coisas roubam todos os dias do meu travesseiro e não posso gritar. É pro meu bem. Disputam as miudezas que enchem meu coração pra quebrar depois. É para o meu bem. Nunca tive cuidado com brincos, perdi todos. Abri a porta de casa. Tenho tudo que posso perder. Mas não vou. É emprestado. É para o meu bem. Me despeço das coisas que beijo todos os dias e guardo no cheiro do café ralo que eu faço, na cadeira quebrada do terraço. É para o meu bem que tudo se acaba. Deixa ir, deixa ser, deixa estar, deixa pra lá. O desapego esfria a minha alma. As paralelas se cruzam no horizonte, sinto o peso dos dias. Ainda que guardasse as fotos pra depois rasgar não seria igual a boiada a esmo. Lembro-me para o meu bem das coisas colhidas. A solidão sempre me recebe de volta. Para o meu próprio bem. Tenho oito estrelas no meu quintal e muita coisa pra falar. Ouvi bastante. Entrei pelo cano e fui jogada ao ser descoberta de volta pro mar. Fiquei a deriva para o meu próprio bem. Embelezo meus fios e entrego pro vento arrumar a seu gosto. Dou meus olhos ao que meu coração sente alegria em ver. Respeito minhas pernas e vou. Tudo dorme a algum tempo. E temo o costume póstumo insone. A essa hora ouço os mosquitos fazendo música. Seria eu, expectadora da minha própria existência sem extensão ou conclusão pacífica que me tragam a paz do sono de uma criança? Me sinto verde mas não tenho mais vontade de arrastar estas perguntas. Desconheço os caminhos mas vou. Faço um pedido aos céus e não tranco a porta. As luzes se apagam, é preciso olhar pra lua. Para o meu próprio bem.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

GENUÍNO

Do meu lado eu via enquanto acordada
a vida passsando
E eu te digo
ainda bem quue 
algumas coisas não mudam nunca.