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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

terça-feira, 27 de junho de 2017

HOMEM DE VINTE E OITO

Onde o porteiro era calado os dias passavam de olho na janela branca, o homem quase albino mostrava a alma e beijava a própria testa se cuidando. O tempo foi guardando no bolso os recibo dos postos de gasolina. A casa do 'cabelo' nunca mais foi avistada por ninguém. Pra onde vão os sonhos depois de acordados? Calado, o menino balançava a própria existencia encostado no muro do chará na quadra 09. Quem perdeu um amigo perdeu os bordões de um carnaval inteiro. Se o corpo ficasse só marcado... O homem brinca de Deus e no fim se vai com ele... com ele? Eu não preocupo mais, dói, não tanto. O homem de vinte e oito não prolongava sofrimentos quando pedia a média gelada no balcão, risonho. Voz feminina vinda do coração sagrado, teus pais tem olhos de vida embora tua mãe tenha o silencio ecoado nos azulejos do banheiro contemplando a ópera angelical dos discos do quarto. O querido permanece. O homem de vinte e oito me ensina todos os dias que cada dia a mais é um a menos. Nisso eu tento dobrar as avenidas. Todos vamos tentando porque o seu leonismo nos tirou do lugar de vítima. Não perdemos nada. Rimo a facilidade do encontro como quem rima e se encanta apavorada no círculo das efemeridades. O mundo tem de conhecer o que o homem de vinte e oito queria. E onde o amor for infinito... como é mesmo? Na última página das referencias corroboravam as suas ideias. Durante algum tempo a palavra insulina me fez refletir, introspectiva. íamos todos ao mesmo lugar. Poente e de barriga rosa olhando o céu no amanhecer inconsequente do lugar de onde nunca foi embora, que tu tenha encontrado o teu lugar. Acima desse açougue os sem sexo contemplam os que não são canibais de alma. Um sopro no ouvido e os sons do piano não são tristes pelo simples fato de que a conclusão do aleijamento da lembrança é burrice. O homem de vinte e oito encontrou o lugar onde o amor era infinito, não há nenhum lugar de amor infinito sem ser na lembrança. O tempo come as rédeas e as vontades. O tempo come a paixão e as tetas.  O corpo é mais contemplado que a alma, mas os olhos ainda enxergam acima da atmosfera, o teu som visto como inocente é  o querer dos que esperam descansar.