Quem sou eu

Minha foto
A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pode falar

Que na sua sopa eu  nem fui mosca
e de manhã meu ronco era insuportável
Que eu bebia demais e você é tão correto
E eu ali deitada imaginando você me contemplar
Enquanto no seu celular uma nova ligação de meia hora
Que eu sou louca e todo mundo já sabe
Já tá todo mundo cansado de saber
Que as visões sobre o mundo e suas lisergias eram divergentes
Mas só depois dos cem dias
Que essa poesia é coisa de mulher rejeitada
Tudo muda da noite pro dia
Das 4 da manhã pras 7, a fim de precisão
faltou dizer que eu não chorei pelos cantos
e isso é ofensa ao teu ego
Faltou você ser tudo o que pregava
Mas as pessoas não são o que elas fazem
E eu devo ter sido  mais um projeto
As pernas nunca foram azuis, era só a tv
tocando a mesma música do mês seguinte com outras pernas
Enquanto vi mar, mato e estrada
Você por aqui no seu ciclo vicioso, montando uma nova escala.

CONFESSIONÁRIO

Vejo a lama caindo  por dentro do jardim de inverno
e não consigo ignorar o abstrato
De onde você tirou pra jogar aqui?
Quantos corpos dentro dos azulejos você já enterrou?
É um grito de socorro?
Vida de orvalho que fica doce amanhã
Não espere pra se ancorar no cais de luz
Os ponteiros param de trabalhar quando bem entender
Todas as respostas pairam na pele do cordeiro que não dorme
Qual dobra arrebentou tuas raízes?
Mas tudo bem, você tem sempre uma mão na testa
E nos olhos tantos dedos
Criatura negra, mistério dos céus
O que você faz aí do lado da mesa colorida calado?
A vida é uma sala com uma mesa quebrada no canto
Esperando os dentes restantes caírem