Quem sou eu

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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

domingo, 31 de julho de 2016

ESCARRO SOBRE TERESA.


À máquina bufando
E ao caldo de cana saindo na Rui Barbosa
Aos flanelinhas da Miguel rosa 
À Cícero da rio Branco cantando seu próprio nome
Aos coretos e suas meias garrafas
Ao encontro dos rios nos cartões postais
E às casas bonitas do quieto Cabral
Ao céu verde da Frei Serafim
Aos passos silenciosos da Saraiva
Na José santos e Silva em cada esquina um botequim
Aos ranchos e bosques pros homens de todas as idades
À Torquato e à poesia dos que ardem
Aos cafés e cervejas no art bar
E aos diários rasgados na boca da noite
Feliz tarde aos passageiros
que queimam os olhos no Metropolitan
Da cobertura dá pra ver o pôr do sol de Teresina e é de graça o ano inteiro!

Do coração ( Á Punho de Olga)

Se eu quero falar com Deus, estanco os gritos e me vou para o teto da cidade
Olho as cabeças do tamanho dos piolhos, lá embaixo
Tenho por dentro das horas  o olhar desaparecido e posso me doer lembrando...
Cutuco as avenidas e sou levada ao  encontro de Setembro
Dói, e eu não desejo pra ninguém esse aleijamento  que os viadutos deixam quando atravesso as direções da cidade.
Sei, passa. Falo  e cheiro.
Quando me falam assim,   estico e fecho   os olhos num riso amarelo de graça.
Não escutam os violinos de meu peito dentro da noite que quase sempre se arrasta
Passo o dedo no rosto e olho pro céu
Oro em murmúrio...
Desconhece a dor fina que ensurdece, fazendo zumbidos de silêncio da saudade
aquela dona que nunca perdeu das vistas, seu beijo azul. Manoel.

Do coração (Punho de Olga)

Se eu quero falar com Deus, estanco os gritos e me vou para o teto da cidade
Olho as cabeças do tamanho dos piolhos, lá embaixo
Tenho por dentro das horas  o olhar desaparecido e posso me doer lembrando...
Cutuco as avenidas e sou levada ao  encontro de Setembro
Dói, e eu não desejo pra ninguém esse aleijamento  que os viadutos deixam quando atravesso as direções da cidade.
Sei, passa. Falo  e cheiro.
Quando me falam assim,   estico e fecho   os olhos num riso amarelo de graça.
Não escutam os violinos de meu peito dentro da noite que quase sempre se arrasta
Passo o dedo no rosto e olho pro céu
Oro em murmúrio...
Desconhece a dor fina que ensurdece, fazendo zumbidos de silêncio da saudade
aquela dona que nunca perdeu das vistas, seu beijo azul. Manoel.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

A VINDA É DOCE

Tão canastrona quanto a expressão pré fabricada de Lobão, criava um pseudônimo além dos campos de visão. Faltava ar dentro da noite, nada ventilava suas dores.
-Que merda!
Pensou passando a mão na cigarreira enquanto apertava o chão afim de apoiar-se nas próprias pernas.
Alguma moeda de insônia cai do bolso quando se sente alguns segundos dentro do calabouço.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

ESTAÇÃO ESPACIAL

Passei o dedo na tinta azul antes de começar a pintar as paredes de dentro
Talvez por isso no fim da tarde eu tenha lavado  a sala com àgua fria
Joy rola uma taça enquanto descanso no chão minha cara abatida
Saudades de você acho que passou,  talvez eu  tenha só  do seu  Vênus em Libra.

terça-feira, 26 de julho de 2016

FOGO NO CÉU

A vista aérea dos pássaros
se confunde entre o fogo e o céu
O azul avermelha o fim da tarde
Entre os fios de fumaça da avenida Pinel.

ESTUPIDEZ


Quando ouvi Gal cantando
Percebi que a soma dos meus suplícios
Não fazia parte da roda viva 
do teu juízo.

LACUNA SOUL

Na hora de atravessar a porta
eu gritei tão fundo
que a cidade ficou surda
e não escutou quando caíram
as paredes do meu mundo.

BONDE

Trabalho de sol a sol
Nessa cidade quente
Na espera do anzol
Enquanto fritam a minha mente.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O que é De César?

Maria beijou Caio na frente do cortejo todo
Inclusive de Manoel
Que gritou a Maurício que a amava
Maurício nem escutou, mas quis a felicidade do amigo
Disse: vá!
Manoel nem lembrou do beijo que Maria deu em Caio
Seu amor era mais importante que a reputação que sua amada destruía aos corredores em que passavam de mãos dadas.
E nesse circo todo entre liberdade e amor
Olga não pudia ser pós moderna.

DEVANEIO DE OLGA (Reflexão sobre as coisas que quase)



Fui pedra colhida meio ao som das britadeiras da cidade
Brilhei nos olhos dentro da noite.
Lapidei os dedos corridos dentro do lençol
-Há algo errado no paraíso.- Disse a deusa no sonho
Ela sempre me avisara de algo
Foi assim que senti tua aura se afastando tanto quanto eu estava pra longe de mim
Minha sina foi te guardar dentro dos olhos, me segurar no riso que te levava pra perto de mim.
Qual o instante em que te dei outra cor que não fosse a do nosso andar?
Caminhou para longe de nós, eu só constatei.
Com ardor te deixo ser senhor do próprio destino se vou-me pras coisas que me fazem ser longe dele. Não tenho cacife pra ser mártir a julgar a covardia dos homens, faço promessas de dentro do coração. Meus olhos só acompanham o que desejo. E o que desejo é o canto nas alturas. O elo que nunca se rompe, a luz da força. Onde o significado ande de mãos dadas com o significante.
Retorno ao meu caminho do fundo da terra
Sou pedra a ser escolhida pra pôr no colar que guarda os corações da cama
Tudo, por enquanto, me é motivo de coçar o nariz nas coisas mais felizes  em que tu não estarás  mais.
Nas noites de xote, mas nas noites de silêncio que estavam por vir,
Tu não estarás mais lá quando o sol clarear nossa pele  que não estará mais apoiada entre nós.
Nos dias em que as catástrofes do mundo abalarão o país tu não vais estar abalado comigo  apoiando os pés na mesa de centro, enquanto abro a geladeira vermelha pra te levar algo e te ouço falar.
Não estarás mais também nos dias em que caírem as tempestades nas nossas famílias, nem quando novas águas cristalinas brotarem.
Não estaremos dentro das coisas que tiramos das nossas mãos e entregamos nas mãos no tempo, pensar nisso é devastador. O que poderia ter sido se não fosse isso. As  sinapses explodem.
Um amigo me disse que beijar os olhos é beijar o que vê e beijar a testa é beijar o que quer ser visto.
Lembrei-me do que quase consegui: te ver.
O mistério é parte da tua essência, disse-me com orgulho. Aceitei. Mas tuas palavras me faziam deslizar, os joelhos não são tão fortes quanto os ombros.
-Corre tuas mãos dentro da noite!
Gritei no sonho que me acordou.
Me desvencilhei da tua existência, descolei-me da tua alma e esse foi o solo mais forte que já escutei, depois de "time" do Pink Floyd.E não foi o  contrário por que tu não estava mais lá, já tinha partido, alçado vôo. Nossos passos caminham relógios diferentes. Aumento a música e deito no tapete ao lado do meu e prefiro quebrá-lo a olhar todas as horas em que não estarei mais dentro do tempo de setembro.
Me empurram a entrar na cabine que me põe de volta num tempo sem ti. Somos todos empréstimos, matrix numa época em que somos despejados e devolvidos cada um a seu caminho. Destino é muito grandioso pra ser isso. Escapamos sem arranhões, porém sinto gosto de sangue. Me recuso a concordar com a ideia de que num segundo perco tudo o que mais me vale de viver, meus sentimentos e sentidos são obrigatoriamente ordenados a mudarem. Sou impotente e escrava das circunstâncias? Não! Me rebelo às deusas que não falam nada, me olham e acarinham meus cabelos, até que durma outra vez. Acordar é pesado estes dias, abro os olhos e me deparo com o abismo. Não sei como cheguei até aqui. Nossa filosofia é vã.
Lavo os olhos e  vou ao espelho nuns passos de readaptar-me com a vida que não é mais a do mês que viria, como faço todas as manhãs. São sessenta e seis dias e pareço não sentir nada.
Atrás de mim, tua imagem não vai aparecer
Tu não estarás mais lá.

domingo, 10 de julho de 2016

A Lucy e nada

Meu surto é ver a mágica
Onde os sóis queimam a minha pestana
sem avisar nada que o futuro traz
e finalmente ver paz no encontro das retinas em chamas
Que se chamam nos universos atemporais.

Devaneio de Olga - REABILITA



Latência torácica no ataúde das maravilhas ou Cabine 610.






O momento em que uma coisa se transforma na outra é espantador. Olga dançava para Benício todas às sextas. E dançaria a vida inteira se ele não tivesse começado a deixar os cupins detonarem o retrato dela de sua cabeça. Benício desmanchava a noite o que Olga costurava de manhã. Se mexia muito e a coberta não aguentara. Olga já estava desfigurada e não tinha mais oportunidades para mostrar o seu balanço. Fumava seu cigarro olhando o rosto de Benício escurecer e adormecer no meio do quarto. Era inevitável que se amavam. Mas a cólera invadia sua casa. Não entendia como aquilo funcionava mas seu coração doía uma dor fina toda vez que se recordava de sua boca beijando os olhos de Benício enquanto esse dormia. E de como o seu rosto ficava quando ela o olhava iluminado pelo abajur laranja, passando os dedos no seu rosto e boca. Ele certamente estava por cima. Uma gota desceu e ela sussurrou soltando fumaça -Os cheiros não morrem. E nesse exato momento a visão se transformava em mais um nó na garganta. Um súbito de sensações num só insight. Como é difícil o desejo de amar. Lembrou olhando a lua pela janela. Era um nó tão igual ao que se formava quando se lembrava do dia em que Benício pronunciou que a chegada de Olga era a continuação das suas vidas causando silêncio absurdo em Olga que sentia seus olhos saltando dilatados e seu nariz avermelhar de felicidade. Benício tinha as costelas quentes e o sorriso que comportava toda a loucura trocada entre os dois. Certamente era o encontro das almas e estes eram nós a serem desfeitos delicadamente pelos mesmos caminhos. Se apegou com Deus como sempre fazia quando o destino fazia seu papel de puxar seu tapete. O amor tem prazo de validade? Olga tinha medo de morrer com a mão no coração a qualquer hora. Na certa estava mergulhada em conservante. Tentava meditar e abstrair, sair de cena. Perda total de tempo. Teve de começar a guardar os discos mas não conseguia, porque de súbito seu coração a levava pros rumos do futuro que fora sonhado e sentido ontem e isso, ainda mais que absurdo a fazia feliz . Por ter existido. E está lá, suspenso no tempo, enquanto o cheiro de Benício invadia suas narinas pela manhã em que ela não reconhecia o teto de sua própria casa. Lidava com aquela transformação também e desempoeirava Belchior nos ouvidos. Um riso sempre acabava lhe escapando. Toda dor é aquecida pela mão que tem de ser. Passou a gostar do ventilador de teto da casa da mãe e repetia frases sozinha. Foi diagnosticada com idealismo agudo e tiveram de ser internados em leitos diferentes. Benício certamente já estava em casa se auto medicando, era teimoso e encantado como quando era criança. Benício a muito não é visto. Olga voltou a ter insônia e aproveita pra ler, se libertava pouco a pouco do vício de conceder ao amor doses letais esperança.


Tarciana Ribeiro 28.06.16

ESPAÇO



Tudo em mim guardo num canto
tudo que demora fica ali, no mesmo canto
minha alma levita no repuxo
escrevo sobre o que sinto, e o que sinto é trêmulo
Meus nervos à espinhos da pele me ferem
quando sinto solidão nos poros da epiderme.

LACUNA SOUL







Na hora de atravessar a porta
eu gritei tão fundo
que a cidade ficou surda e não escutou
quando caíram as paredes do meu mundo.