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A escrita sempre foi fiel. Os episódios aqui encontrados são batizados de Escarros pois os mesmos são expurgos íntimos e partos divinos diferencialmente temperados pelos versos e circunstâncias que os compõem. Muitas vezes escorrem coisas a todo o tempo sem controle, disso tiro a lição e arte que se eterniza, mesmo que a poucos olhos. O valor é da existência. -Se fosse objeto seria polaroid, cuspiria poesia.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

FRAGMENTOS ANTES DA INEXISTÊNCIA

Caros, a expressão literária abaixo se vale de experiências reais coletadas em prol de formatar a discussão sobre o suicídio e a depressão ( quadro geralmente desenvolvido antes) de modo que os reais motivos sejam expostos e há muito custo compreendidos. É anti ético consigo mesmo interpretar cada episódio limitado por apenas uma frase com ar de estupefato, uma vez que a sua verdade não é do tamanho da verdade do terceiro. E cada um sabe a dor que carrega. O intuito do Escarros Poéticos é transcender a barreira negativa que a discussão carrega ao mencionar o que atualmente é apelidado de "bad", visando destruir todo e qualquer tipo de forma de negligenciar a grandeza e a profundidade dos atos. De perto ninguém é normal e se você se julga como tal, nem precisa continuar lendo. Seus olhos iriam sangrar com a lâmina da apatia. Aos que carregam consigo, carregaram ou conhecem alguém que tem traços psicológicos que precisam de um cuidado, mas romantizam ou fogem do tema por que não suportam "tristezas gratuitas" recomendo que se olhem no espelho. Ainda dá tempo de conhecer o que é depressão e como ela pode e deve ser combatida. Aos que aqui estão mencionados e se reconhecem e aos que não são mencionados mas se sentem mencionados eu deixo o meu muito obrigada, não desista. Chega de lutas por dentro. O sol nascerá.







O cansaço surge da desesperança. Bem, nem tudo há de ter importância. Toda vez que a filosofia de que se importar é fazer um enorme favor, uma estrela cai do céu. Percorro entre os traços da cidade na ambição de ultrapassar as tangentes. Ela deve ter razão quando diz que eu não preciso mais de seus cuidados. Ela não disse isso, mas quase... O momento em que a consciência volta é mágico. Eu gritei mais uma vez, eu odiava gritar. Gritar enfraquece. íris está caída no chão da praça. São três da manhã e eu não consegui dormir. Nenhuma luz surgiu no quarto, a luz apagada não incomoda e isso explica muito a insignificância. Está um pouco incômodo, eu não consigo me ajeitar no sofá da minha casa. O meu coração está inquieto e silencioso.Perdi meu bêbê. Perdi meus pais. Mudei de casa. Não nos reconhecíamos mais. Sou dependente emocional. Preciso de ajuda. Eu perdi a mulher. Eu perdi o cachorro. Eu perdi o juízo. Perdi o emprego. As janelas parecem não dizer mais nada. O meu quarto não tem janelas, lá não pode entrar areia. Meu pai me espancou no aniversário de quinze anos. O meu me trancou. Eu não aguentei o fim. Ninguém via o vazio. Pensei que ia ser morta por um raio. Eu não posso andar na areia. Eu não posso sujar a casa. Inácio poderia ser qualquer coisa e nunca ter me amado de fato, mas não precisava Deus fazê-lo um sociopata. Meu melhor amigo morreu. Folhas secas, muitas folhas secas no jardim da casa de Pedro deram um trabalham para limpar. Dois sapos só este mês. Nenhum ginecologista esse mês. Nenhum assalto também. Nenhum beijo desde que Vicente foi pra guerra. Eu gritei mais uma vez, eu odiava gritar. Meus remédios acabaram e meus amigos estão felizes demais naquele bar em que eu fazia toda a diferença antes deles terem uma sinuca. Meus amigos... caixa vazia. Eu estava só e ainda tinha que aprender a cortar o cordão umbilical sozinha. Mas eu nasci grudada em alguém. WAVE? Alguém aí? Nem Tom Jobim? Faço mais um drink, tomo mais um trem à Tóquio. Passo na frente do Hotel e cinco passos depois volto. Será que dá tempo de eu sentir dor? Isabela vai olhar pela janela e crescer traumatizada. Não, seria muito prejuízo. 12 crianças na rua da escura da escola podem se transformar em 12 monstros. 12 monstros e um segredo: o primeiro assédio sexual ninguém esquece. Estranha. Você é muito estranha. Você é feia e usa óculos. Você tem tudo mole. Você é muito, muito feia mesmo. O gorgo sempre caía e ficava sem sapatos. Eu sou grata. Eu te amo. Evolução. Não sei o que sinto.  Ho'ponopono. Meu filho não pára de chorar. As gotas de orvalho ficam doce pela manhã. Morgana fumava mais um cigarro enquanto Íkaro fazia o que não sabia, mas Rodrigo sabia. Aquele velho da quitanda passou a mão nos meus seios. Eu odiava a escola. Qual foi a última vez que você levou a sua filha ao médico? Por quê as pessoas não se abraçam? As pessoas fedem, os seus corações fedem muito. Nascem flores no cu. As flores cheiram. O cu faz menos mal que a boca. Finalmente as pessoas parecem flores? Espeto. Jorge é um bom amigo, Jorge é engraçado. Eu perco carona pra escutar Pink Floyd na janela do ônibus e fingir que ainda sou eu. A mobília do meu coração estava por ser devorada pelos cupins. Houve um sopro. Eu finalmente dormi. Espero que mamãe fique bem, deixei a casa um brinco. A vida urbana me adoeceu. Eu odeio o banco. Me sinto ninguém. Estou na casa dos 30 e moro com meus pais. Espero que Inácio esteja bem, não joguei a merda no ventilador e ele pode continuar me chamando de louca pela cidade inteira. Espero mesmo que todos evoluam à ponto de não precisar nunca estar aos cuidados de ninguém. Estão todos fartos. A sociedade corrompeu os homens infelizes. O circo está sem pão. O lodo vai aumentar no quintal.  Eu quero o declínio do afeto real. Eu queria ter deitado na rede. Eu juro que quis pintar nossa casa. As pestanas vão continuar queimando rumo a nada. Não me vali de nada do que rezei. Não plantei uma árvore. Mal cheguei até aqui. A grama era mais verde.Eram cinco da manhã quando vi todas aquelas cabecinhas lá embaixo. Lá vai Olga, pensei que tinha mais algo a dizer a lhe dizer.